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quinta-feira, julho 26, 2007

Carta de 2070

"Estamos no ano de 2070, acabo de completar os 50, mas a minha aparência é de alguém de 85.
Tenho sérios problemas renais porque bebo muito pouca água. Creio que me resta pouco tempo.
Hoje sou uma das pessoas mais idosas nesta sociedade.
Recordo quando tinha 5 anos. Tudo era muito diferente.
Havia muitas árvores nos parques, as casas tinham bonitos jardins e eu podia desfrutar de um banho de chuveiro com cerca de uma hora.
Agora usamos toalhas em azeite mineral para limpar a pele.
Antes todas as mulheres mostravam a sua formosa cabeleira.
Agora devemos rapar a cabeça para a manter limpa sem água.
Antes o meu pai lavava o carro com a água que saía de uma mangueira.
Hoje os meninos não acreditam que a agua se utilizava dessa forma.
Recordo que havia muitos anúncios que diziam CUIDA DA AGUA, só que ninguém lhes ligava; pensávamos que a agua jamais se podia terminar.
Agora, todos os rios, barragens, lagoas e mantos aquíferos estão irreversivelmente contaminados ou esgotados.
Antes a quantidade de agua indicada como ideal para beber era oito copos por dia por pessoa adulta.
Hoje só posso beber meio copo. A roupa é descartável, o que aumenta grandemente a quantidade de lixo; tivemos que voltar a usar os poços sépticos (fossas) como no século passado porque as redes de esgotos não se usam por falta de água.
A aparência da população é horrorosa; corpos desfalecidos, enrugados pela desidratação, cheios de chagas na pele pelos raios ultravioletas que já não têm a capa de ozono que os filtrava na atmosfera.
Imensos desertos constituem a paisagem que nos rodeia por todos os lados.
As infecções gastrointestinais, enfermidades da pele e das vias urinárias são as principais causas de morte.
A industria está paralisada e o desemprego é dramático.
As fábricas dessalinizadoras são a principal fonte de emprego e pagam-te com agua potável em vez de salário.
Os assaltos por um bidão de agua são comuns nas ruas desertas.
A comida é 80% sintética. Pela ressiquidade da pele uma jovem de 20 anos está como se tivesse 40.
Os cientistas investigam, mas não há solução possível.
Não se pode fabricar agua, o oxigénio também está degradado por falta de arvores o que diminuiu o coeficiente intelectual das novas gerações.
Alterou-se a morfologia dos espermatozóides de muitos indivíduos, como consequência há muitos meninos com insuficiências, mutações e deformações.
O governo até nos cobra pelo ar que respiramos. 137 m3 por dia por habitante e adulto.
A gente que não pode pagar é retirada das "zonas ventiladas", que estão dotadas de gigantescos pulmões mecânicos que funcionam com energia solar, não são de boa qualidade mas pode-se respirar, a idade média é de 35 anos.
Em alguns países ficaram manchas de vegetação com o seu respectivo rio que é fortemente vigiado pelo exercito, a agua tornou-se um tesouro muito cobiçado mais do que o ouro ou os diamantes.
Aqui em troca, não há arvores porque quase nunca chove, e quando chega a registar-se precipitação, é de chuva ácida; as estações do ano tem sido severamente transformadas pelas provas atómicas e da industria contaminante do século XX.
Advertia-se que havia que cuidar o meio ambiente e ninguém fez caso.
Quando a minha filha me pede que lhe fale de quando era jovem descrevo o bonito que eram os bosques, lhe falo da chuva, das flores, do agradável que era tomar banho e poder pescar nos rios e barragens, beber toda a agua que quisesse, o saudável que era a gente.
Ela pergunta-me: Papá! Porque se acabou a agua?
Então, sinto um nó na garganta; não posso deixar de sentir-me culpado, porque pertenço à geração que terminou destruindo o meio ambiente ou simplesmente não tomámos em conta tantos avisos.
Agora os nossos filhos pagam um preço alto e sinceramente creio que a vida na terra já não será possível dentro de muito pouco porque a destruição do meio ambiente chegou a um ponto irreversível.
Como gostaria voltar atrás e fazer com que toda a humanidade compreendesse isto quando ainda podíamos fazer algo para salvar o nosso planeta terra!"

Documento extraído da revista "Crónicas de los Tiempos" de Abril de 2002.

3 comentários:

Anónimo disse...

meu caro sid tens toda a razão...
e todos deve-mos dar o nosso contributo HOJE para não destruir-mos o meio em que vivemos...
Por exemplo... Não andar por aí a escrever nas peredes pois essas latinhas libertam "gases marados" que fazem mal á camada do ozono...

Anónimo disse...

Tou a ver que isto não faz comichão só aos faxos...

A título informativo, pagamos um bocado mais mas usamos sprays amigos do ambiente... Se formos por aí, também te fartas de poluir o ambiente com o teu carro, e eu ando a pé...

Anónimo disse...

Eu por mim começava a escrever as formas verbais em condições, e não à moda matarruana:
Nós devemos, por exemplo. Uma forma verbal no presente do indicativo, que mal escrita na 2ª classe dá direito a castigo!

Depois, começava a olhar um bocadinho para a minha pessoa antes de falar das outras! Apenas para chegar à conclusão que provavelmente não sou assim tão perfeito quanto isso para fazer um julgamento a alguém em "praça pública"!

Observar, por exemplo, algumas atitudes passadas há pouco menos de um ano (algures no último trimestre de 2006) e tirar as conclusões devidas!

Isto, claro, para não falar do mais bonito valor à face da Terra: a AMIZADE... Esse que nem sempre somos capazes de respeitar, dando como exemplo situações em que nos limitamos a observar um (supostamente) amigo numa situação nada fácil, e não temos o cavalheirismo suficiente para lhe esticar a mão e dizer "não te preocupes, eu estou aqui!"...
Há uma palavra no dicionário que define perfeitamente situações destas: pusilanimidade...

Exemplos, meus amigos! Antes de exigir a perfeição a alguém, há que procurar atingi-la!

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